sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O cliente na visão do Advogado


Como o advogado enxerga o seu cliente?


Inicialmente, por se tratar do post inaugural, permitam-me uma breve apresentação... 

Me chamo Daniel e sou advogado militante nas áreas do Direito do Trabalho, Previdenciário, Empresarial e Civil. Através deste blog, envidarei esforços para passar a você (no momento tenho a sensação de estar falando sozinho, hehe) um pouco do conhecimento jurídico que tenho adquirido desde o início de minha vida profissional, auxiliando também aqueles que desejam apenas ter acesso a um conteúdo jurídico ou sanar eventual dúvida sobre a legislação, de ordem material ou processual.

Pois bem, passadas as apresentações, passaremos a abordar propriamente o tema estampado no título desta postagem, tentando passar para você, leitor, como os advogados - ao menos eu - enxergam seus clientes no momento da contratação, durante o trâmite processual e após a finalização da prestação dos serviços.

Não há nada tão indispensável à atividade do advogado quanto o cliente, sem ele todo o conteúdo técnico que o profissional possua naquele momento é tão útil quanto feriado no domingo. Por esta razão a maior dificuldade no início da vida profissional do advogado é iniciar de fato a atividade, em síntese, conseguir os seus primeiros clientes.

Com o diploma na mão, carteira da OAB no bolso e todo o conhecimento acumulado da graduação, o advogado recém-formado, na maioria dos casos, deixa o auditório da OAB - onde recebeu sua habilitação para atuar como advogado - e se depara imediatamente com uma névoa densa que o deixa cego diante de um mercado extremamente saturado e super competitivo.

Por estas razões, aos olhos do bom advogado o cliente é a parte mais importante do escritório e por isso deve ser tratado da melhor forma possível, mas, infelizmente, alguns fatores tendem a manchar a imagem do advogado ante o olhar dos seus constituintes, fatores estes inesquiváveis ao advogado, sendo o pior deles sem dúvida a morosidade do judiciário.

Em rápida pesquisa ao site do CNJ, nota-se que em 2014 haviam 99,7 milhões de processos judiciais em trâmite no Brasil, sendo 92% apenas no 1º grau de jurisdição e em razão dessa imensa quantidade de demandas os processos andam à passos de tartaruga, ficando muitas vezes parados por meses apenas para que seja marcada a audiência inaugural.

O cidadão, acostumado a pagar por outros serviços e tê-los prestados rapidamente, ao procurar um advogado pela primeira vez para ingressar com alguma demanda judicial, fica extremamente decepcionado com a demora de cada etapa de sua lide, culpando na maioria das vezes, mesmo que inconscientemente, o profissional que contratou.

No início da prestação dos serviços, o profissional busca providenciar rapidamente todos os documentos necessários aos interesses dos constituintes, para dar o único passo que está sob seu controle: distribuir o processo no judiciário. Após isso, o advogado passa acompanhar o processo, dia após dia, ansiando o primeiro despacho e preocupado com o que o seu cliente está achando do serviço prestado, frustando-se a cada dia que se passa sem qualquer movimentação no processo.

Eis que após meses de trabalho, muitas vezes não-remunerados pois em alguns casos o advogado só recebe pelos seus serviços ao final do processo, chega-se finalmente ao deslinde da demanda, restando garantido o direito do cliente. Neste momento o advogado se sente extremamente realizado profissionalmente, recebendo a contrapartida remuneratória pelos seus esforços e, principalmente, sentido-se responsável pela concretização da justiça na vida do seu contratante.

Após o processo, é chegada uma etapa muito importante, que definirá o sucesso financeiro na vida do profissional advogado, o pós-venda. É de responsabilidade do advogado manter o contato com o seu cliente, disponibilizando-se para a resolução de outras inúmeras situações em que seja necessária a sua atuação, nesse momento é que a qualidade da prestação dos serviços é consolidada na mente do cliente, e é isso que o fará indicar o seu advogado para todos aqueles com quem se relaciona.

Conclui-se, portanto, que o cliente está para o advogado como a matéria-prima está para a indústria, de modo que deve ser tratado na medida de sua importância, e ao cliente deve ser passado entendimento de que o profissional contratado está ao seu lado na demanda, atuando na intenção de defender os seus interesses, por isso tudo o possível será feito para a concretização da justiça na vida daquele cidadão.


Referências:
  • BRASIL. http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/politica-nacional-de-priorizacao-do-1-grau-de-jurisdicao/dados-estatisticos-priorizacao


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